quinta-feira, 20 de março de 2014



Eu realmente não nasci pra entrar em loja de madame, 
onde tudo parece extremamente limpo e as atendentes te olham dos pés à cabeça. 
Também não faço parte do tipo que senta num restaurante 
onde o guardanapo-lençol tem que ser posto suavemente no colo. 
Eu gosto é de buteco com copo americano e tigelas de feijão. 
Gosto mesmo é de encher o bucho, cruzar as pernas e cutucar os dentes com palito. 
Madame quando morre 
fede igual a todo mundo!

Fernando Resende

terça-feira, 28 de agosto de 2012


O medo constitui o cimento social. 

As pessoas, e as pessoas somos nós, adoram religiões.
E cito essa palavra no sentido mais abrangente possível. 

Quase toda  estrutura na qual existe uma “verdade pré-estabelecida”,
documentada, a qual você tem acesso através de todo um sistema de entendimento,  no fundo é uma religião.

As escolas formais que não se questionam e não se investigam mais,
que se tornaram blocos concretos e mortos, religiões falidas na sua missão de “religare”.

As organizações partidárias e outras em que você também cumpre rituais para, lentamente, se aproximar da liderança são religiões.

Todas levam o indivíduo a acreditar que você está no poder,
você está próximo de quem lidera. É o tão aclamado,”você está chegando lá” ou o “agora você faz parte”.

Esse modelo está em estado terminal e terá mais cedo ou mais tarde falência múltipla de órgãos.

Talvez uma outra forma de vida se faça sem o cimento social do medo e da manipulação.

E em acontecendo virá da ampliação da consciência pessoal,
da troca da culpa infantilizada pela responsabilidade madura sobre cada ato entre uma respiração e outra.

Viva o lado direito do cérebro. Viva a dissidência de todas as artes. Principalmente a do ser.

Marcos Ferraz

quinta-feira, 16 de agosto de 2012



Hey? você!
É…Você mesmo seu babaquinha individual…
Descobriram a fórmula secreta para a sua felicidade…
Simples!
Coloque seus fones nos ouvidos,
Escolha um joguinho qualquer, músicas, ou até mesmo conectar-se virtualmente.
Mantenha os olhos fixos em algum desses aplicativos de merda e pronto!
Mas fica a dica…
O importante e o mais divertido é não reparar em ninguém ao seu lado!
Ouviu? NINGUÉM!!!!


Fernando Resende

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mantenha Segredo...


Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado acima de todas as coisas. Não temos aceitado aquilo que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos uma alegria que já não tenha sido catalogada. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível.


Clarice Lispector

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mudança


Daí uma voz veio: Relaxa a gte segue o nosso caminho...
ele, o dele...ela, o dela...cada um, o seu...

É, as coisas fluem e realmente eu tô sentindo um forte cheiro de dezembro,
onde também vem o cheiro de mudança,
quando sinto também uma sensação estranha...
de felicidade e dúvida.

Limpar o pó das idéias simples!!!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Preciso Ser Outros


A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito. Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manuel de Barros

domingo, 20 de novembro de 2011

O Choro


Choro, um choro doído, mas quisto.

Começo a andar e começo ver espelhos que refletem não minha imagem,

mas a imagem de pessoas que passaram por minha vida.

Algumas sorriem, outras pedem socorro,

outras dão as costas, e quanto mais ando,

mais corro, pareço não sair do lugar.

E uma voz parece me dizer: “Esse é seu lugar”.

Então sento,

e choro,

um choro aliviado.