quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Infeliz Natal


Bom..


Eu não sou muito fã de Natal...coisa pessoal sabe?
Realmente não me importo se você, se ele ou ela, se aqueles ou aquelas, enchem os rostos de sorrisos falsos e saem abraçando Deus e o mundo sustentando auréolas em suas cabeças.

Claro, antigamente poderiam me chamar de " O rebelde sem causa", como assim ainda podem fazê-lo, mas hoje vejo o mundo com "outros olhos".

Tenho maiores questionamentos e...sinceramente?

Questiono mesmo toda essa FALSA FELICIDADE que muitos fingem trazer junto com o Natal.
Questiono todo esse Arrependimento vindo através de momentos curtos de reflexões vazias.
Questiono a falta de participação nos devidos interesses de uma sociedade um tanto quanto mais justa.
Questiono a violência com a qual compartilhamos, dia a dia, a nossa expectativa de sobrevivência.
Questiono a falta de atitude quando vemos, bandidos engravatados, em suas eternas leis, prejudicarem o povo e o futuro dos que " não desistem nunca".
Questiono a cumplicidade dos que, de cabeça baixa, aceitam tudo e se conformam com tudo...
se conformam com a saúde pública, o transporte caótico, os impostos abusivos, a violência excessiva e a robalheira escrachada.
Habituam-se...involuntariamente Habituam-se.


Papai Noel...posso eu te pedir um favor?


Será que você pode nos presentear com muitos barquinhos?
Sabe o que é?
O verão está chegando e já que estamos acostumados com as enchentes, eu não gostaria de perder tudo embaixo d´água.

Prometo que fui um bom menino.
Assisti todas as novelas da Globo, votei no Tiririca, não exigi que a lei fosse cumprida quando os fichas sujas se reelegeram, não reclamei dos altos preços devido as infinitas taxas de impostos, não exigi que as aulas fossem repostas quando meu professor da escola pública faltou, não briguei por uma vaga no hospital quando minha mãe estava bem doente e finalmente concordei com a possível volta da CPMF.


Obrigado por tudo SEMPRE, meu bom velhinho.

PS: A todos um ótimo 2011...Muita coisa boa está por vir...assim acredito eu.
Fernando Resende

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Teu Riso



Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tempo




DEVAGAR, O TEMPO TRANSFORMA TUDO EM TEMPO.
O ÓDIO TRANSFORMA-SE EM TEMPO.
O AMOR TRANSFORMA-SE EM TEMPO.
A DOR TRANSFORMA-SE EM TEMPO.
OS ASSUNTOS QUE JULGAMOS MAIS PROFUNDOS, MAIS IMPOSSÍVEIS, MAIS PERMANENTES E IMUTÁVEIS, TRANSFORMAM-SE DEVAGAR EM TEMPO.

MAS, POR SI SÓ, O TEMPO NÃO É NADA, A IDADE NÃO É NADA, A ETERNIDADE NÃO EXISTE.

Sobre o autor:
José Luís Peixoto é um escritor e dramaturgo português.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eu nunca sei...






EU NUNCA SEI QUANDO AS ESTÓRIAS ACABAM. POR ISSO SEMPRE FICO PRESO ENTRE UMA E OUTRA, OU ENTRE NENHUMA E NENHUMA OUTRA; ENTRE UM RECOMEÇO SEM FIM E UM FIM SEM TÉRMINO. TALVEZ POR SER MAIS ESPECTADOR OU COADJUVANTE, DO QUE PROTAGONISTA DA MINHA VIDA, TENHA ESSA ENFERMIDADE DE NÃO DAR CONTA DE QUANDO BAIXA O PANO. AS LUZES APAGAM, O PÚBLICO SAI, OS COLEGAS LIMPAM A MAQUIAGEM E EU CONTINUO LÁ: COM A FALA NA CABEÇA, O TEXTO DECORADO, AGUARDANDO A DEIXA. A DEIXA QUE NUNCA VEM. SEMPRE TIVE MEDO DAS COISAS E DAS PESSOAS. UM PAVOR E UMA FALTA DE FÉ. TALVEZ POR ISSO EU TENHA CRIADO MINHA PRÓPRIA COMPANHIA TEATRAL, ONDE SOU DIRETOR; CONTRA-REGRA; ATORES E PÚBLICO. ENCENO SÓ PARA MIM UMA TRAGICOMÉDIA. A REALIDADE ME FAZ TÃO MAL E ME DEIXA TÃO FRACO QUE FICO, NO FUNDO DO PALCO, MUITAS VEZES, A SUSSURRAR O TEXTO A MIM MESMO. ÀS VEZES NÃO OUÇO. QUASE SEMPRE NÃO OUÇO, PORQUE SUSSURRO BAIXO E MINHA VOZ É TRÊMULA... O PÚBLICO NÃO ENTENDE A PEÇA, LOGO, NÃO APLAUDE. EU, FURIOSO, DEMITO A TODOS: AO AUTOR; AO DIRETOR; AOS ATORES... EXPULSO O PÚBLICO DO TEATRO E ATEIO FOGO A TUDO. E ALI DENTRO FICO EU, JUNTO ÀS CORTINAS E AOS HOLOFOTES, INCANDESCENTES; QUEIMANDO, QUEIMANDO, UEIMANDO...

Sobre o autor:
Alejandro da Costa Carriles é um escritor carioca que reside na cidade de Petrópolis.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Há tempos o sono não me abandonava desta forma.
Porém desta vez não me abandona por causa das antigas preocupações. Na verdade não sei ao certo os motivos.
Podem ser as novas preocupações, o ócio ou talvez o nada.
A TV clama para não ser desligada, A programação apática e medíocre não acrescenta nada além de horas de distração vazia. As mesmas palavras, frases ensaiadas, tudo parece Ser inédito e sempre visto anteriormente.
A mente não pára, palavras parecem surgir de um lugar onde outrora nem letras havia. Um big-bang da língua brasileira. Faço um chá para ver se acalmo as idéias, mas elas parecem não querer me abandonar...
Pelo menos enquanto não são passadas para o papel, parecem temer cair no mundo do esquecimento... Só que estas possuem um grande problema, Não se organizam.
Querem ser todasescritasdeumavezsó...
Aquelas que exprimem o amor se apresentam, São meigas, porém tão incertas que não sabem o que dizer.
E quando dizem se vêem nervosas por finalmente estarem sendo ouvidas.
Por um momento me aquieto, tento prestar atenção no que elas dizem.
Suas palavras embaralhadas parecem suspirar.
Primeiramente me pedem desculpas por muito tempo.
Deixaram-me em claro, por tirarem-me a paz.
O garoto que virou homem dentro de mim agradece...Pois sei que o meu coração hoje se aproxima de uma nova vida, novas alegrias e tudo mais que o amor pode trazer.
O arrependimento misturado ao remorso de não ter beijado aquela garota parece contrastar com toda a alegria contida em mim. Ainda assim carrego uma parte da garota comigo. E espero que o amanhã amanheça logo, para que eu possa tentar tudo outra vez. Por fim um adeus, ou até mesmo um tchau pois tanto eu como as idéias do amor sabemos que amanhã nos encontraremos de novo. E como uma mãe se despede de um filho, desejo uma “boa noite idéia do amor” e ela me responde: -Boa noite coração do poeta.

Autor: Desonchecido

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sinto Vergonha de mim...




Sinto vergonha de mim!



"Por ter sido educadora de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.



Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
Que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.



Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.



'Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo
que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...



Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.


Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!


"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".



Cleide Canton

segunda-feira, 26 de julho de 2010

...




E foi assim...

No dia em que todas as pessoas do mundo inteiro resolveram
que ninguém ia sair de casa...

Ninguém...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Novos Caminhos.


As 16 horas o celular grita desesperadamente em meu ouvido. Numa ação rápida estico meu braço pronto para desligar o despertador e recomeçar minha rotina. Por um instante puxo o aparelho para perto dos olhos e reparo num número desconhecido, ou seja, alguém estava querendo falar comigo.

- Alô, Fernando?

Me recomponho sentando rapidamente na cama.

- Sim, ele mesmo, quem fala?

-Você veio fazer um teste ontem conosco e gostamos muito do seu trabalho...pode começar amanhã?

Um soco no estômago me faz responder com a voz embargada.

- Si-sim...SIM.

Mais algumas conversas e logo desligo o telefone. Ponho-me a andar de um lado a outro no quarto escuro. Desorientado e sem estar totalmente conectado à realidade, uma lágrima vem para lavar meu rosto ainda sonolento. Percebo sem esforço que as lágrimas se multiplicam e que agora sou uma criança que chora...involuntariamente chora. Mas o choro não se declara por perdas, tristezas ou abandonos. Mas sim um choro de desabafo, de conquista, de vitória entendem?

Os pensamentos tomam rumos infinitos e agradeço a tudo que esses meus olhos já puderam ver, a tudo que esses meus braços já puderam abraçar, a tudo que esse corpo meu já soube presenciar e principalmente a tudo que esse meu coração, muitas vezes cansado de apanhar, soube SENTIR. E eu sinto...sinto MUITO.

O meu verbo é SENTIR.

E eu queria agradecer sempre, a tudo e todos, que na presença da amizade significativa, moldaram minha vida e construíram, mesmo que indiretamente, esse FERNANDO que sou nos dias de hoje.

PS: E mesmo que eu ande no vale da sombra e da morte não temerei mal algum porque Tu estás comigo.

E sempre esteve.




sábado, 19 de junho de 2010

Saramago


Sei que não deveria abandonar esse lugar, que para mim serve como uma grande válvula de escape, mas por vezes a ausência se faz necessária para que possamos dar continuidade a outros projetos.
Sinto falta de vir aqui e descarregar um monte de coisas que ando vendo na mídia, na politicagem teatral brasileira, no povo adestrado e sempre calado e na conformidade com a qual encaramos tudo com uma passividade característica brasileira.
Mas...sinceramente? Tenho tido tantas informações e tanta vontade de gritar, protestar e provocar que as idéias fervilhadas acabam se evaporando sem nem ao menos causar as repercuções necessárias.

Deixando os desabafos profundos de lado, este post serve de homenagem a um Mago da Literatura Mundial.
Dedico, com profundo agradecimento que adquiri durante os processos de buscas literárias, esse espaço, mesmo que pouco visitado e reconhecido, a José de Sousa Saramago que faleceu no dia 18/06/2010.

Um grande vácuo cultural se formou desde então e para quem ainda não conhece sua vasta dedicação a literatura mundial...encontre-o, desfrute-o, busque...desesperadamente BUSQUE! rs

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"

"É preciso variar, se não tivermos cuidado a vida torna-se rapidamente previsível, monótona, uma seca"

"Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos
de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste."

José de Sousa Saramago (1922-2010)

domingo, 9 de maio de 2010

A Linguagem do Poeta


Uma linguagem que corte o fôlego.
Rasante, talhante, cortante.
Essa deve ser a linguagem do poeta.
Linguagem de aços exatos, de relâmpagos afiados, de agudos incansáveis, de navalhas reluzentes.

Uma dentadura que triture o eu-tu-ele-nós-vós-eles.

Um vento de punhais que desonre as famílias, os templos, as bibliotecas, os cárceres, os bordéis, os colégios, os manicômios, as fábricas, as academias, os cartórios, as delegacias, os bancos, as amizades, as tabernas, a revolução, a caridade, a justiça, as crenças, os erros, a esperança, as verdades... a verdade!


Sobre o autor: Octavio Paz nasceu e morreu na Cidade do México (1914 - 1998). Foi encorajado por Pablo Neruda para se dedicar à poesia. Foi escritor, poeta, diplomata e jornalista.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

De frente


"L'homme est le seul oiseau qui porte sa cage" de Claude Weiss



Com os olhos fechados, mas totalmente desperto,
Imaginou passos que se aproximavam da porta do quarto.
Depois cessavam.
Batiam na porta, perguntavam:

- Posso entrar? (perguntava-lhe a vida)
- Pode - ele disse.

E voltou-se para encará-la...de frente.



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Nossos Inimigos



Nossos inimigos dizem:

"a luta terminou".

Mas nós dizemos:

"ela começou".

Nossos inimigos dizem:

"a verdade está liquidada".

Mas nós dizemos:

"nós ainda a conhecemos".

Nossos inimigos dizem:

"mesmo que ainda se conheça a verdade, ela não pode mais ser divulgada".

Mas nós a divulgamos.


Autor: Bertold Brecht (1898-1956), nascido em Augsburgo. Escritor e dramaturgo alemão, além de grande teórico teatral. Desde menino escrevia poesias de forte conteúdo social. Foi perseguido pelos nazistas pelo seu comunismo militante.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Cego


Realmente para não deixar o blog às moscas, enquanto não coloco um texto meu, resolvi postar algumas poesias ou micro contos que de fato são interessantes...


Começo por esse aqui...



Cego de nascença, aprendeu a ler no escuro. Desde pequeno, os livros lhe eram abertos, os toques lhe fundavam janelas, os sons lhe eram caminhos de pedra.
Um dia, achou um doador de córnea e pensou que os recursos adquiridos poderiam lhe render a visão total.
Não aceitou ser operado por conta do governo, nem enxergar no claro. Ficou com medo de se olhar no espelho das pessoas e ter medo da escuridão que havia nelas.


Autor: Silas Corrêa Leite

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Infância perdida


Doze anos acredito eu...
Arrasta o caixote pesado nos ombros magros...
As mãos sujas de graxa preta carregam algumas moedas como gorgeta...

Paro e volto meus olhos para o menino que não transmite sorrisos.
A noite passa lentamente e os meus prazeres se dissolvem involuntariamente num copo gelado de cerveja.
Distraio-me com a incessante tentativa daquele corpo infantil realizar seu trabalho
e abandonar a sua infância em alguns sapatos renovados...

Fernando Resende

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Procura-se

Olá para todos que, frequentemente, reservam alguns minutos para ler textos e poesias aqui postados.

Vendo o constante crescimento dos seguidores resolvi fazer algumas mudanças e decidi começar a interagir com os leitores. Não apenas jogar meus textos como se fosse algo sempre automatizado entendem? Quero poder ter algum contato com cada pessoa que se interessa pelo Blog.



Podem Aguardar Mudanças...

Procura-se Político Honesto: http://gulp.com.br/404.html










Eu grito para todos vocês...Sim...
Para cada um de vocês...

Olhem o mundo ao seu redor...
É realmente isso que desejam compartilhar?
São essas pessoas que vocês, brasileiros persistentes, querem promover com o poder?
São esses homens, em grande parte, abençoados com um histórico escolar invejável, que todos vocês realmente querem seguir?
São essas eternas promessas de melhorias falsas que, exaustivamente, vocês esperam concretizar?
São esses aliados do descaso, “ingênuos” propulsores dos índices violentos de uma cidade grande....
Criadores seculares da desordem e desigualdade que, insistentemente, vocês, todos vocês, querem eleger?

Quantas famílias colecionam perdas com doenças?
Quantos jovens se engrandecem por não freqüentar as escolas sucateadas e assim se rendem ao mundo criminal?
Quantos, de todos vocês, são impedidos de seguirem caminhos de glórias porque a falta de oportunidades bate a sua porta?

Me deixem gritar as verdades para o mundo...
E se os gritos não forem o suficiente...
Deixem que minhas palavras de inconformismo tenham livre acesso...
Estou farto do rodízio de homens babacas que pregam e constroem esperanças no povo careta...

Sim...
Seja bem vinda culpa...
Culpas essas que concordam com frasezinhas banais do tipo: “O povo brasileiro não desiste nunca”
Quanta merda todos vocês insistem empurrar consciência abaixo não?
Vocês não desistem do que?
De serem cúmplices, a cada quatro longos anos, dos roubos de seus próprios esforços?

TOLOS...
Cada um de vocês...
Compactuam de forma barata, toda essa patifaria nojenta em que se vêem afundando a cada dia....

BRASIL DO FUTURO?
ONDE?
QUANDO?
NUNCA...

Me pedem para escolher o melhor...
Indiferentemente respondo...Existe coisa melhor do que o meu não?
Existe coisa melhor do que, a minha consciência cansada, vomitar um não em cada poder político?
Existe melhor aprendizado do que o despertar crítico e realista?

Foi conhecendo a política que me tornei apolítico...
Foi conhecendo as sujeiras do submundo corrupto que me tornei incapaz de aceitar...
Foi conhecendo a rua, a fome e a necessidade que fui me tornando propagador da mudança desejada...
Foi num mundo alienado pela mídia massificadora que me tornei incomodante...
Incomodo como, aquela pedrinha no sapato, que insiste tirar a paciência de qualquer ser humano digno de limites...
Foi observando o caminhar rotineiro, de qualquer vida acomodada, que me tornei libertário...
Foi lendo que me tornei íntimo das palavras críticas e construtivas...
Foi trabalhando muito e ganhando pouco que descobri respeitar qualquer classe social
Foi convivendo com o preconceito doentio que joguei-o para o alto e dei valores aos sentimentos humanitários
Foi o silêncio armazenado que me fez gritar...

Mesmo que esses gritos inquietantes...
Sejam traduzidos em palavras...


Idéias são à prova de balas!!!

Fernando Resende

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Senhora Liberdade


As pernas que indiferentemente cruzam caminhos já conhecidos,
levam esse mesmo corpo a questionar diversas vezes o sentido de... o que é mesmo que estamos vivendo?

Sem muito esforço a própria realidade dá-me um tapa na cara resgatando num instante a consciência que visitara pensamentos distantes.

O que tenho eu feito da vida?

A não ser empurrar com desdenho e sem indagações tudo o que atravessa meu caminho?
A não ser ouvir sempre calado que fui " o que não nasceu para isso?"

Espero ligações que nunca acontecem...
Só para ouvir do outro lado a saudade que incomoda e que um simples passeio durante a madrugada a faria feliz.

E quem seria ela?
O silêncio invade a minha resposta...

Ouço por entre as ruas o convite da minha sempre louca amante...
Senhora liberdade para onde iremos essa noite?

Calada ela apenas sorri e me abraça...

Fernando Resende

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Terrorismo Poético



A distância entre a vontade do querer e a possibilidade de tornar todos os desejos dignos da verdade, perdeu o rumo através de infinitos passos errados.

Eu, que já nem sei nada sobre minhas próprias verdades...
Vivo na eterna mentira em que todos se entregaram...
Expurgo palavras que ferem...
Manipulo pensamentos no anonimato...
Me perco dentro dessa ilusão enraizada...
Visto máscaras que escondem identidades...

Seqüestro pessoas e as faço felizes...
Entro em apartamentos e distribuo rosas...
Deixo mensagens nos muros que trazem cores mortas...
E ao mesmo tempo em que fui incluso nessa falsa vivência material...
Trago em mim todos os sonhos do mundo.

Fernando Resende