segunda-feira, 15 de junho de 2009

Vozes Inaudíveis




Querem encontrar os meus olhos ao caminharem pelas ruas?
Encontre-os então com profundidade...
Com toda a essência do querer e sintam vontades de os possuírem...
Mas se me queres e repentinamente desvia seu olhar para outras atenções...
Esquece-me e segue em frente...
Assim continuarei o meu caminho...
Em busca dos que queiram me despir por curiosidades...
Quero propostas e idéias que me façam refletir a existência...
Quero as palavras sinceras...
Assim saberei quem são todos vocês...

Sentem curiosidades de saber o que penso?
Descubram se assim o quiserem...
Não serei restrito para as dúvidas que inquietam...
Abandonem seus medos...
E me façam seguir com todos vocês...

Não me prometam desejos...
Vou buscá-los até que cada um de vocês se renda...
Me despertem e então sentirão minha presença ao querer o que busco...
Se permaneço irreversível em minhas idéias?
Me façam enxergar outros mundos...
Serão capazes?
Mostrem-me...

Sempre e digo sempre com palavras fortes, pois são verdades vindas de mim, busco conhecimentos que me façam engrandecer o homem que sou...
Me querem como amante?
Então depositem em mim o desejo de se renderem como mulher...
Queiram entregar-se com vontades explícitas...
Entreguem-se de corpo inteiro...
Digam palavras silenciosas em meus ouvidos...
E que me façam sorrir ao refletir o que penso...

O que penso eu do mundo?
Não queiram sabê-lo...
As muitas esperanças que um dia fui capaz de possuir perdem-se com os dias...
Mas não digam que desisti...
Nos meus planos a desistência não me alegra e muito menos me conforta...
Apenas reflito sobre desesperanças...
Mas apaixonado que sou...
Reergo-me sempre que os dias se mostram oportunos para novas aprendizagens...
Errar foi bom...

Arrastem-me pra vida...
Ouviram?
Me puxem pelos braços e me façam seguir os caminhos desconhecidos que tanto anseio...
Deixem a loucura gritar forte em cada pensamento...
Seremos livres para criar frases, idéias e sonhos...
Sejamos libertários nas atitudes nossas de cada dia...
Amante que sempre fui dessa palavra...
Liberdade...
Sim, a liberdade...

Queiram também deixar a chuva rasgar o meu corpo cansado...
E logo assim encontro-me com a felicidade que hoje me falta...
Brindaremos juntos...
E se rejeitam as minhas chamadas...
Brindo eu sozinho...
Por muito, aprendi a ser sozinho...
E isso já não mais me incomoda...
Cansei-me de olhar os beijos demorados através do vidro manchado...
E a velha cadeira a segurar o peso do meu corpo...
A mesma cadeira que me inspirava os versos rápidos em folhas quaisquer...
A mesma visão todos os dias...

Perdia-me então em reflexões...
Em novos quereres...

Não me esperem no trabalho amanhã...
O amanhã é recomeço...
E eu me entrego ao dia novo...
Entrego-me aos caminhos mostrados outrora pelas vozes inaudíveis que habitam meu subconsciente...
Sim...
Agradeçam as vozes inaudíveis...
Tudo sempre passou em silêncio...
E eu já não quero mais deixar a vida me tomar pela incerteza...
Já não quero eu, deixar morrer a capacidade de um dia ter tentado...
e lutado...
e sofrido...
e ao final, em minhas conclusões...
ter gostado...

E não queiram jamais me impor idéias atrasadas...
Não, não...
Já não tenho aceitado muitas banalidades...
Entenderam de bons ouvidos?
E se nenhum de vocês for o que realmente penso...
Não me faz mal...
Só não insistam em querer a minha presença...
Não me venham com imposições...
Ignoro-as sempre...

Como me pedem para sonhar com as estrelas...
Se ainda não fui capaz de vivenciar a noite?
Não me venham também com moralismos...
Esqueçam essa moral em suas bagagens transitórias...
"eu próprio sou aquilo que perdi"

E mesmo nessas perdições, tenho em mim todos os sonhos do mundo...
Os meus aprendizados valem mais do que as coisas que deixo pra vida...
E é nesse materialismo tolo que nos tornamos incapacitados de sentir...
Olhem nos olhos...
Aprendam com simplicidade contagiar multidões...

E hoje eu não voltarei pra casa...
Não voltarei porque hei de sonhar com as estrelas...
Hei de construir novos pensamentos...

É nessa noite de estrelas que tenho eu oportunidades de vestir novos sentimentos...
Calçar nos pés andantes as alegrias que desejo...
Beber em cada garrafa os novos rumos da vida...
E apagar com sopros fortes a realidade de não ter conquistado o que um dia amei...


Fernando Resende


4 comentários:

  1. Chorei lendo seu texto...
    Chorei lendo seu texto não por sentimentalismo barato ou outro sinônimo pra isso...
    Senti meus sentimentos todos remendados em pontos grossos...

    "Se quiseres me encontrar verdadeiramente, inteiramente, intensamente, procure nas coisas em que me perdi, ali estão pedaços ainda inteiros de mim, já que hoje sou apenas pedaços de pedaços que por enquanto ainda não perdi"

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  2. e tanta gente mendigando um olhar verdadeiro...
    tanta gente se definhando em olhares tortos...
    tanta gente... tantos olhares... tanto pedaços...

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  3. uauuuuuuuuuuuu fernando...
    to arrepiada aqui.
    li ate o fim,
    irresistivel foi se tornando suas palavras!
    disse tudo e mais um pouco...

    "eu próprio sou aquilo que perdi"

    encantada anjo!!! ^^

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  4. É de uma tamanha intensidade que mergulhei nessa leitura,me encontrei em linhas,me desecontrei em palavras,enxerguei verdades e sonhei.

    Tão bom de se ler e de pensar.

    Grande beijo.

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Rasuras